Orientações
Resumo: Este artigo tem por objetivo promover uma breve reflexão sobre a importância da família durante o tratamento terapêutico, como um suporte no tratamento e no que se trata dos cuidados básicos e essenciais ao paciente.
Introdução
A todo o momento, o ser humano é cobrado e influenciado pelo meio social em que vive, e este meio também determina como ele deve agir pensar e se comportar. Se ele fugir as normas sociais conseqüentemente será punido pela sociedade, com isso a todo o momento o individuo é vigiado por esta, e por ele mesmo, sendo assim o nível de estresse ao qual é submetido todos os dias é alto, saindo às vezes do “normal” para a “loucura” o que passa a ser um risco, porém nem mesmo na condição de portador de transtorno mental e ou dependente químico, o individuo se livra da cobrança e do julgamento social, e como não pode mais obedecer às regras sociais, passa a ser excluído do convívio em sociedade. A família em muitos casos faz parte deste processo de exclusão do doente, muitas vezes por medo, desconhecimento, ou simplesmente pelo estigma de ter em seu convívio familiar um doente tido pela sociedade como alguém sem capacidades, “louco” ou “drogado”. Percebemos as dificuldades e a carga psicológica na qual as famílias estão expostas, porem é essencial, todo e qualquer apoio nestes casos, sendo de suma importância seu envolvimento e participação durante todo o tratamento terapêutico vivenciado pelo paciente ao longo de sua internação, a fim de conhecer e entender melhor a problemática tornando-se participe deste processo.
O Papel da Família no processo terapêutico do paciente
A família é um conjunto de pessoas que se encontram, ligadas por laços afetivos, têm objetivos em comum, e um funcionamento específico. No caso desse funcionamento ser alterado, como quando um dos membros está internado, é natural que surjam dúvidas e insegurança em todo e qualquer membro da família. É um momento de tomada de decisões que podem ser fáceis ou não, há que adaptar uma postura diferente para que o problema seja solucionado, neste caso, para que a pessoa internada atinja o estado de saúde ou, no caso de não se encontrar doente, que possa retornar a casa (TORRENTS et.al, 2004). O apoio familiar é muito importante, sendo mais ainda durante o tratamento, porém esse papel no trato com o doente não é fácil, pois vários são os sentimentos que ela pode apresentar diante dessa situação, tais como culpa preconceito e incapacidade. Além do preconceito que os portadores de transtornos mentais e dependentes químicos sofrem da sociedade, eles também são submetidos aos da família, que se sente envergonhada pela sociedade pelo simples fato de não terem conseguido formar um individuo “saudável” e preparado para cumprir com suas obrigações sociais. Não é possível julgá-las, pois também são vitimas da sociedade assim como o doente, mas é possível reconhecer a importância dela na vida de qualquer ser humano.
Os familiares tornam-se essenciais no processo de tratamento do doente, no entanto necessitam saber como lidar com as situações estressantes, evitando comentários críticos ao paciente ou se tornando exageradamente super protetores, dois fatores que reconhecidamente provocam recaídas. Torna-se muito importante que os familiares dosem o grau de exigências em relação ao paciente, exigindo assim mais do que ele pode realizar em dado momento, porém sem deixá-lo abandonado, ou sem participação na vida familiar. Conhecendo melhor a doença e tendo um diagnóstico claro, a família passa a ser um aliado eficiente em conjunto com a medicação e a terapêutica trabalhada pela equipe multiprofissional.
O papel da família e importantíssimo em todas as fases do processo terapêutico, porém fundamental no inicio do tratamento onde o paciente ainda não percebe claramente que aquilo que acontece com ele é decorrente de uma doença, sendo que para este alucinações e delírios são reais, dizer ao paciente que tudo não passa de sua imaginação não resolve, ao contrario isso aumenta sua resistência ao tratamento. Tanto a família quanto a equipe responsável pelo paciente necessitam estar alinhadas objetivando adquirir confiança e vinculo, para que se estabeleça uma relação de confiança e de aceitação ao tratamento, o que ira garantir a efetivação do tratamento e conseqüente melhora. Podemos perceber que a recuperação de uma pessoa com transtorno mental ou dependente químico é um processo longo, e em muitos casos gradual e lento, no entanto combinando varias abordagens os resultados tornam-se assertivos e em muitos casos muito satisfatório.
Ao mesmo tempo em que se trata o quadro de doença do paciente, a família deve receber total atenção no sentido de ser orientada em sua abordagem ao paciente ou em sua dinâmica de relacionamento durante o processo terapêutico, visto que em muitos casos a família adoece em conjunto, sendo necessário um processo de escuta, apoio e orientação. Trabalhar com famílias traz átona traços relacionados à dinâmica funcional familiar muitas vezes já cristalizados ao longo do tempo e que necessitam serem repensados e apreendidos, sendo estes responsáveis pelo agravo da situação doença do paciente.
É importante que a família sinta que ode fazer algo para ajudar o seu familiar a recuperar-se quando tal e possível e, mesmo quando não é, que seja capaz de compreender a situação e acompanhar o paciente, dando apoio, compreensão, carinho e dedicação (LAZURE, 1994).
Processo Terapêutico
O processo terapêutico é o momento onde o paciente passa por cuidados efetivos exercidos pela equipe multiprofissional tendo por finalidade o tratamento dos sintomas de sua doença e a manutenção e garantia de sua continuidade ao tratamento tendo o suporte adequado para este fim, visando sua recuperação e melhora. É neste momento também que estão lado a lado à equipe multiprofissional e os familiares do paciente, juntos pelo mesmo objetivo o da melhora e qualidade de vida do paciente.
Diante desde complexo cotidiano, as ações dirigidas às famílias devem estruturar-se de modo a favorecer e fortalecer a relação familiar/profissional/serviço, entendendo que o familiar e fundamental no tratamento dispensado ao doente (ROCHA ET ali, 2000).
É neste momento em que são feitas abordagens especificas como a coleta de dados, a escuta sensível e a analise da equipe em relação à família. Também é neste momento em que são feitas as intervenções e trabalhos de educação familiar com vistas ao conhecimento de seu papel, significado e vínculos. Os profissionais utilizam-se neste momento de ferramentas especificas em cada especialidade como, por exemplo: grupos, como alternativa de trabalho e sensibilização dos cuidados e da manutenção de vínculos junto ao paciente durante todo o processo terapêutico. O sucesso do tratamento depende de um conjunto de fatores que cerceiam a rede social em que o paciente esta inserido.
Percebemos que durante o processo terapêutico onde os familiares estão inseridos e participantes, conseguem lidar com menos apreensão e assim oferecer cuidados de melhor qualidade ao doente, principalmente quando estão inseridos em reuniões e/ou grupos de família ou em outros processos, sendo estes espaços propícios para a reflexão, discussão, escuta, troca de vivencias, angustias e orientações, constituindo-se estes como efetivos espaços privilegiados de atendimento familiar.
Considerações
Evidenciamos que a participação da família no processo terapêutico dos pacientes portadores de transtornos mentais e dependentes químicos é fundamental e contribui de forma significativa no tratamento e conseqüente melhora. O paciente sente-se valorizado e confiante de sua recuperação, quando sente a efetividade da participação familiar.
Percebemos que os pacientes sofrem e suas famílias necessitam serem atendidas em suas reais necessidades pela equipe respeitando sua forma de constituição, porem levando em consideração os vínculos estabelecidos e a dinâmica funcional, reconhecendo e respeitando suas limitações, procurando trabalhar preconceitos e/outras formas de entendimento da situação problema do paciente.
A relação familiar é o sustentáculo e a base para uma boa estrutura emocional para o paciente, tanto para a prevenção de uma crise, quanto para sua manutenção e recuperação (ROCHA, ET ali, 2000).Fato pelo qual torna-se essencial sua participação em todos os processos terapêuticos no qual o paciente esta inserido o que ira propiciar uma melhor adequação do paciente ao tratamento e consequente melhora.Estimulando reflexões sobre a inserção da família no processo terapêutico do paciente e que este artigo se aplica.
REFERÊNCIAS
ALCANTARA, Geisa Souza. Gomes, Juliana da Silva. O papel da família no processo de ressocialização de pessoas acometidas por transtornos psíquicos. Trabalho de conclusão de curso- Faculdade Vasco da Gama. Salvador. 2011.
COLVERO, Luciana de Almeida; IDE.Cilene A, C.ROLIM. Marli. Alves. Família e doença Mental: a difícil convivência com a diferença. Rev Esc Enfermagem. 38(2):197-205. USP 2004. São Paulo.
LANA, Claudia. DIAS, Juliana, LUCIANA Regina. O Estigma da Doença Mental para pacientes, familiares e a sociedade. Rev. Esc. Enfermagem. USP 2006; 40 (1):123-7.São Paulo.
LAZURE, H.Viver a relação de ajuda: abordagem teórica e prática de critério de competência da enfermeira. Lisboa: Lusodidacta, 1994.
PEREIRA. Maria A.O.JR.Alfredo Pereira. Transtorno Mental: dificuldades enfrentadas pela família. Rev. Esc. Enfermagem.; 37(4): 92-100. USP 2003. São Paulo.
TORRENTS Et AL,Vivências do cliente/pessoa e da família face ao internamento hospitalar. 2004.
Crédito: ÚNICA - GRUPO MARISTAS http://www.uniica.com.br/orientacoes/a-familia-como-ponto-chave-no-tratamento-terapeutico-de-pacientes-portadores-de-transtornos-psiquiatricos-e-dependentes-quimicos/
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